Silêncio dum escritor

11 07 2012

 Olá. Já faz algum tempo que não venho aqui, não é mesmo? Pois bem, permitam-me lhes explicar.

Há algum tempo, tenho percebido que não consigo mais escrever como antigamente. Antes parecia simples, parecia uma mera questão de imaginar uma cena e escrevê-la, mas eu percebi que não é só isso. Por mais que um escritor saiba lidar bem com palavras, ele nunca consegue escrever uma história sem seguir um rumo. Eu não sou psicólogo, mas há um ano e meio venho tentando me compreender e isto se revela cada vez mais difícil, o que, ao menos eu espero, não é uma surpresa. Todo ser humano é complicado o bastante, um escritor então, este é um verdadeiro enigma quase sem respostas. Mas eu acho que já tenho algumas, ou talvez tenha todas, mas simplesmente não as vejo. De qualquer maneira, a questão é que eu não consigo escrever mais histórias enquanto não findar essa sensação ruim que me tomou nesse tempo. Imaginem que vocês vivem confortavelmente em suas casa, cercado de pessoas, mas de repente, quando acorda, ou talvez até numa mera fração de segundos ao piscar os olhos, você se dá conta que está simplesmente de pé no meio de uma casa vazia e esquecida pelo tempo. Foi algo assim que me fez perder as rédeas que antes pensei ter.

Algumas pessoas me chamariam de louco, eu até, em certos momentos, penso que deveria ser internado num sanatório, mas… Eu me dei conta de que eu logo adiante em minha vida terminarei meus anos de adolescência e me tornarei um adulto. Eu deveria ter ao menos feito bons e verdadeiros amigos, não é? Mas não os fiz. Deveria ter me tornado bom em algo, ter desenvolvido habilidades e me tornado hábil em alguma atividade. Mas não aconteceu. Eu passei todos esses anos pensando que tinha algo, que tinha alguém, mas não tenho ninguém. É engraçado, mas assistindo à algum anime eu acho que vi algum personagem dizer que talvez a vida que consideramos real seja uma farsa e a realidade sejam os considerados sonhos. Bom, em meus sonhos eu sempre estou só, amedrontado ou correndo atrás de algum lugar em que me sinta seguro, mas que acabo nunca encontrando. Meus sonhos mostravam minha realidade por trás da vida que eu acreditava ter. Mas por que eu quis acreditar nisso? O que leva uma pessoa a fazer isso? Medo. Medo de sentir essa solidão e esse vazio quando acordado, medo de acabar sozinho, sem nem mesmo as pessoas que tenho hoje.

E vocês se perguntam por que estão lendo isso, certo? Bom, eu não consigo escrever mais do que alguns parágrafos avulsos e sem conexão com minhas histórias que antes conhecia. Eu já tive ideia de criar tantas novas histórias de tantas coisas diferentes que transpassaram minha cabeça, mas não consigo colocá-las com palavras e dar continuidade. Eu me sinto péssimo por isso, é como se desperdiçasse a chance de iniciar um novo mundo, como se jogasse um tesouro de imensurável valor fora. Em suma, o que eu quero dizer é que não consigo mais seguir adiante como antigamente. Preciso de tempo, de espaço. Queria recomeçar a vida, mas já é tarde para pensar nisso. Preciso, portanto, do tempo suficiente para poder ter essa chance, que eu creio ser palpável ao sair da escola em que estou, ou não existem e nunca existiram pessoa que realmente se preocuparam comigo, pessoas que foram sinceras, pessoas que me amaram como um amigo, ou muito menos buscaram me entender.

Eis aqui minhas palavras que vos explicam minhas razões. Para muitos pode parecer frescura, mas um escritor perdido, ou talvez, uma pessoa perdida, nada sabe fazer além de vagar sem rumo por aí a fora. Eu estou vagando num enevoado e sombrio caminho, tentando encontrar um alicerce. Até me sentir verdadeiramente, ou parcialmente, melhor, eu verei o rumo que darei às minhas histórias. Trabalharei nelas durante essas férias, verei os resultados que obterei ao tentar escrever ou estudá-las mais uma vez. Espero que não se zanguem, se é que há alguém que se importa com isso mesmo. Porque no fim, todos vocês que uma vez me conheceram e compartilharam momentos comigo, não foram mais do que egoístas e eu sei que minhas palavras estão corretas. Exceto por uma pessoa, que eu sei que sabe que não faz parte dessas pessoas. Um alguém que me amou e eu também creio que amei.

Perdoem-me, mais uma vez. Farei o meu melhor para tentar me reencontrar e finalmente conseguir escrever prazerosamente e com real consciência minhas boas e queridas histórias, que eu sei que, de uma maneira ou de outra, fazem parte de mim.


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2 responses

14 07 2012
tsu-chan~

Eu sei que talvez não faça sentido para você eu escrever isso, faz muito tempo q eu não falo com você, mas eu sei pelo que você passa. Apouco tempo atrás, eu me sentia inútil e vazia. Me sentia feia, deplorável, inútil. Me perguntei, muitas e muitas vezes, se eu tinha algum talento ou valor, se tinha uma razão para estar viva. E então me vi como sou. Uma casca vazia desprovida de sentimentos pelos outros. Mas, sabe, depois que eu aceitei que “gostar de alguem” não faz parte de mim e que, talvez, nunca consiga tal fato eu comecei a gostar mais de mim. Mandei pro espaço a opinião alheia e segui em frente. Decidi que eu não escrevo para os outros. Escrevo para mim e apenas para mim. Escrever sobre histórias fantasticas e sentimentos fofos preenche o vazio da minha alma.
não sei se ajudou ou não, mas achei que devia dizer.

15 07 2012
guikun

Entendo… Obrigado por suas palavras, Yasmin 🙂 Eu estou tentando achar algo que me sustente, algo além das minhas esperanças, eu preciso só de um tempo para encontrar um alicerce, algum solo onde eu me sinta mais firme. Não é exatamente por isso que estou passando, por mais que se assemelhe em alguns pontos, mas fico feliz por se preocupar. Estou dando o meu máximo para me sentir feliz novamente 🙂

A propósito, eu voltei a ler suas histórias, já que você me lembrou lá no face haha tinha esquecido dos sites, minha cabeça está realmente turbulenta! Fico feliz que tenha voltado à ativa! haha

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